O Complexo de Sakkara em Giza
Sakkara e o Complexo de Sakkara
Sakkara – ou Saqqara – representa a parte maior da necrópole da antiga capital Ménfis, que se localiza no sul da província de Giza, a 35 km do centro da cidade. É uma zona histórica que servia durante milhares de anos nas como cemitério dos reis e nobres. Situada sobre uma planície, a 7 km das ruínas de Ménfis, no canto do Deserto Líbico, estende-se quase 7 km do sul para norte, e quase 2 km de largura do leste para oeste. O nome de Saqqara ou Sakkara é derivado do nome de um deus antigo chamado “Soker” que era antes do aparecimento do deus Osíris, o senhor do mundo da morte, e o protetor da Necrópole conforme as crenças antigas. Hoje em dia o local está ocupado por centenas de monumentos, sobretudo o Complexo Funerário do Grande rei Zoser (Djoser) que inclui vários elementos arquitetônicos. Também ali se encontram diversas pirâmides, e centenas de Mastabas que são túmulos dos nobres e aristocratas egípcios antigos, construídos por completo de calcário ou recobertos de lajes de pedra, cada mastaba tem duas partes fundamentais; superestrutura e infraestrutura; a câmara do morto que tem o sarcôfago se encontra sempre no fundo de um poço profundo e foi um elemento tradicional e principal para guardar o tesouro funerário e os objetivos mortuários.
Além disso a mastaba tem partes decoradas de relevos e painéis que ilustram as atividades cotidianas dos antigos egípcios.
O Serapeum é um único e imenso cemitério subterrâneo que servia, provavelmente, como cemitério dos touros sagrados Apis. São Galerias subterrâneas em que sarcófagos gigantescos de granito foram descobertas.
Em Sakkara também há pirâmides de tamanho menor do que as pirâmides de Giza que pertencem a reis da Dinastia V e Dinastia VI como a Pirâmide de Userkaf, a Pirâmide de Unas, a Pirâmide do rei Titi e pirâmide do rei Pepi.
A Pérola de Sakkara existe o complexo do rei Zoser, que é um conjunto de edifícios considerado o mais antigo em todo o mundo. É um único recinto em termos de elementos arquitetônicos e formas decorativas. Data quase de 2750 A.C aprox. Provavelmente foi pela primeira vez que o arquiteto egípcio utiliza a pedra de calcário em vez de adobes ( Tijolo de Barros) na construção em massa. Também pela primeira vez aparece a forma da pirâmide, apesar de que foi um tipo escalonado, mas era grande evolução na história da humanidade.
O complexo funerário de Sakkara foi dedicado ao rei Zoser (Neţer-Ghet) cujo nome em Hieróglifos significa o “corpo sagrado”. Zoser era o fundador da dinastia III (2780-2680 a.C aprox.) e governou cerca de 29 anos, embora temos documentos que mencionam que reinou só 19 anos. Durante o reinado de Zoser o Egito desfrutou de uma grande riqueza, prosperidade máxima e estabilidade política. Na realidade, o arquiteto deste grande complexo é a ilustre figura Imhotep, o grande gênio de todos os tempos. Imhotep era físico e astrólogo e tinha os nobre títulos: o alto Supervisor de todas as obras reais, o diretor do palácio real, o chefe dos escultores, e foi considerado também a segunda figura mais importante após o rei. Mas também era o primeiro ministro e ao mesmo tempo o Alto Sacerdote do templo de Rá em Heliópolis (On). Alcançou grande prestígio, homenagem e veneração no reinado de Zoser e também durante a vida dele e depois da morte, e as gerações que vieram depois deram-no grande apreciação e respeito. Os gregos que moravam no Egito identificaram-no com o deus de medicina Esculápios.
O Complexo funerário de Zoser inclui:
1 – A Muralha Externa
2 – A Colunata
3 – A Sala Transversa
4 – Câmaras pequenas e armazéns
5 – O Pátio Aberto
6 – O Edifício com friso de cobras
7 – Dois grupos de túmulos (mal arruinados)
8 – O pátio do Heb Sed .
9 – O Pavilhão
10- A Casa do Norte e a Casa do Sul
11- A Pirâmide Escalonada
12- O Túmulo Meridional
13- O Templo Funerário
14- O Serdab
15- A Plataforma
A Muralha Externa e a Entrada
A muralha externa circundante do complexo de Zoser em Sakkara foi construída de pedras calcárias locais lisas ou polidas, procedidas da região de Turah que fica no sul do Cairo atual. Tem 545 m. de comprimento, 277 m. de largura e 10.4 m. de altura. Provavelmente foi uma imitação do muro que rodeava uma vez o palácio real na capital Ménfis. Está decorada de salientas e reentrâncias distribuídas em distâncias irregulares. Originalmente a muralha externa continha 14 portas, 13 são falsas e apenas uma porta é a verdadeira; e a única entrada do complexo e está situada no sudeste da muralha.
Em cima da entrada há quadros pequenos suavemente gravados na fachada externa, parece que esses quadros entalhados suavemente na pedra representam os finais dos troncos de madeira que foram usados naquela altura para suportar os tetos das estruturas de barro e quando usaram a pedra de aclcário, inspiraram-se nos modelos anteriores e fizeram uma representação nessa forma. A entrada dirige a uma passagem estreita, cujo teto está decorado de uma imitação ou representação das vigas de madeira também que eram usadas nos tempos remotos, no Egito para suportar os tetos das casas.. No fim da primeira parte da passagem estreita há representação na pedra de uma porta dupla e semiaberta.
A Colunata da Entrada em Sakkara
Esta sala retangular única contém 40 colunas; 20 no lado direito, e 20 no lado esquerdo, e essas colunas estão ligadas com as paredes porque, provavelmente, naquela altura o arquiteto não tinha bastante confiança em que as colunas podem suportar o teto sozinhas, sem estar conectadas com a parede, pois era uma das primeiras provas de construir um edifício de grande tamanho em pedra inteiramente. Provavelmente os espaço que representa uma câmara, entre cada duas colunas contivesse estátua do rei, uma vez representado como como rei do Alto-Egito com a coroa branca, e outra vez como rei do Baixo-Egito com a coroa vermelha. Mas, uns egiptólogos acham que cada um destes espaços – localizadas entre as colunas – continha uma estátua do rei com uma das divindades locais que representam as províncias ou sejam nomos do Antigo reino do Egito. O teto da colunata, originalmente, estava decorado de uma imitação de vigas de madeira representadas em pedra, mas atualmente o teto está restaurado e não é o original. Ainda há uma parte restaurada no modelo antigo do teto, situada no lado esquerdo, no fim da colunata. A luz do sol iluminava a colunata através de umas aberturas ou janelas oblíquas e horizontais feitas na parte superior das paredes. No fim da colunata se encontra uma pequena sala conhecida como a Sala Transversa que contém 8 colunas, 4 em cada lado, mas não se sabe exatamente a sua função.
O Pátio Aberto em Sakkara – O Altar e Estruturas da forma ‘B’
O pátio aberto do complexo de Sakkatra é um vasto espaço aberto ao ar, inclui um altar único em desenho e feito de pedra calcária lisa em forma do sinal hieroglífico hotep (htp) que significa ‘Oferta, satisfeito, ou pacífico’. Também há outra estrutura enigmática de pedra calcária em forma de um par de cascos de cavalo. Às vezes esta estrutura está nomeada da “estrutura das duas letras de ‘B‘. Não se sabe exatamente a sua função, provavelmente tivesse a ver com os rituais das cerimônias do Heb Sed ou talvez cada uma delas fosse um tipo estranho de altar. Segundo uns estudos recentes sobre as duas estruturas que têm forma da letra B, acredita-se que talvez simbolizem aos quatro pontos cardiais! Essas formas da Letra B, não foram repetidas em qualquer ugar no Egito depois ou antes da época de Sakkara.
Estrutura de Frisos de Cobras !! ( Dois Santuários misteriosos0)!
Originalmente era uma estrutura de pedra com duas câmaras retangulares, localizada no lado sudeste do pátio aberto do complexo. Atualmente está destruída, porém a apenas a parte superior da parede está decorada de frisos de cobras que ainda algumas são visíveis, preservadas e entalhadas. A função desta estrutura de frisos de cobras ainda é desconhecida apesar de que uns egiptólogos acham que esse foi um tipo de santuário relacionado com os rituais do Heb-Sed (O festival trinitário). Outros acham que foi uma capela funerária para o túmulo meridional vizinho, devido a sua posição muito perta do túmulo meridional.
O Túmulo Meridional
É um túmulo retangular de acesso estendido. A subestrutura consta de um poço de 27m. de profundidade, e no fundo deste existe a câmara mortuária construída totalmente de granito rosado.
É, de fato, uma câmara pequena quadrada e sem porta, mas no seu teto há uma abertura. Sem dúvida nenhuma, a câmara é muito pequena para conter um cadáver humano colocado em posição normal. Por isso é possível que esta câmara foi só para guardar a caixa canópica que continha a víscera do rei ou seja aquela caixa em que foram preservados os órgãos internos do cadáver do rei morto. Por outro lado, talvez fosse apenas um túmulo simbólico, pois naquele tempo os soberanos egípcios sempre construíam dois túmulos, um no norte em Sakkara, e outro no sul em Abidos para confirmar e comemorar a dualidade tradicional marcante durante a História Egípcia Antiga. Em cima da câmara do morto há outra câmara menor de pedra calcária com um teto ponteado. Essa câmara pequena foi dedicada a guardar a tampa de pedra que fechava a abertura no teto da câmara do morto.
A Pirâmide Escalonada ”O Túmulo Setentrional”
Chama-se também a Pirâmide de Zoser, a Pirâmide de Sakkara e as vezes conhecida como o Túmulo Septentrional. É um dos mais grandes monumentos no mundo inteiro. Foi construída em pedra inteiramente em vez de adobes ou barro. Foi desenhada pelo génio arquiteto e físico “Imhotep” como um túmulo sem par dedicado ao rei Zoser. É a estrutura mais antiga de pedra que ainda está em pé. De verdade a forma da pirâmide era o resultado de várias modificações e mudanças arquitetônicas, pois, no início uma grande Mastaba de forma quadrada foi erigida (a), cada lado dela mede 63 m. de comprimento e 8 m. de altura. O coro daquela Mastaba é de pedra calcária local revestida de uma camada de pedra calcária lisa procedida da região de Turah.
Logo, Imhotep fez uma extensão de 3m. (b) a todos os lados mas a altura era 2 m. menos do que a original. Posteriormente, em outra etapa, aumentou 9 m. somente ao lado oriental (c), transformando a construção a uma forma retangular. Depois, adicionou à construção 3 metros em todos os lados, e edificou 4 escalões ou degraus (d), cada uma em cima da outra e ao mesmo tempo começaram a construir o templo funerário situado no norte da pirâmide. Enfim, o arquiteto Imhotep aumentou um pouquinho mais ao lado norte e ao lado oeste, e mais dois escalões ou degraus de pedra calcária foram erigidas (e), assim ficou com 6 escalões ou mastabas formando a primeira pirâmide escalonada famosa de Sakkara e no mundo, mas a fachada exterior foi revestida inteiramente com uma camada polida de pedras calcárias. Atualmente, a Pirâmide Escalonada se estende 140 m. do leste para oeste, e mede 118 m. do norte para sul, com 60 m. de altura.
Abaixo da Pirâmide Escalonada há um poço de 28 m. de profundidade escavado completamente nas rochas da base, enquanto a boca deste poço tem forma quadrada, cada um dos seus lados mede 7 m de comprimento. No fundo do poço encontra-se a câmara do morto construída de blocos de granito rosado. É uma câmara retangular sem portas e com uma abertura no teto para descer a múmia do rei dentro dela. Em cima da câmara do morto há outra câmara menor construída de pedras calcárias com um teto ponteado.
Essa câmara pequena superior foi dedicada para conservar a tampa de granito que pesa 3,5 toneladas que bloqueava a abertura do teto da câmara. Essa câmara superior pequena está muito destruída atualmente. A câmara mortuária está rodeada de quatro galerias dedicadas para guardar os utensílios e equipamentos funerários do rei Zoser. A galeria oriental é a mais completa e conservada, guarnecida com peças de talhas interrompidas com peças de cerâmica que representam o rei Zoser (Netr-Ghett) exercendo uns dos rituais da cerimónia de Heb-Sed (o Festival Trinitário ou a cerimônia de renovação a energia do rei após 30 anos no poder). Na parte superior desse painel o nome e os títulos do rei estão escritos.
Por abaixo da Pirâmide, no lado oriental, há 11 poços funerários, cada um deles tem 32 m de profundidade, provavelmente fossem, originalmente, partes de 11 mastabas ou túmulos que pertencem à família do rei, mas por causa das modificações consecutivas quanto ao plano da Pirâmide Escalonada, esses poços foram cobertos e ficaram debaixo da pirâmide. Apenas uma múmia de uma criança e uma perna humana de um adulto foram descobertas nesses poços.
O Serdab
O Serdab é uma câmara pequena sem portas construída de pedra calcária polida. Está, de facto, incorporada no degrau inferior da Pirâmide Escalonada. A sua face está inclinada a um ângulo de 16 graus para corresponder com o ângulo original da camada exterior da Pirâmide Escalonada. Essa estrutura inclui uma estátua do rei Zoser esculpida de pedra calcária, mas é apenas uma réplica, pois a estátua original está conservada hoje em dia no Museu Egípcio do Cairo. O rei está representado com a túnica cumprida do Festival do Heb-Sed, sentado no trono, olhando para frente. Na parede frontal do Serdab há dois buracos redondos, se calhar a sua função era para permitir a estátua do monarca morto ver as atividades ocorridas no seu reino, pois a estátua, segundo as crenças dos antigos egípcios, era considerada a casa do “Ka”, o duplo ou a alma do morto. Mas também há outra opinião que diz que estes dois buracos foram feitos para deixar o cheiro do incenso entrar dentro Serdab que contém a estátua, pois o incenso era uma oferenda importantíssima nos rituais funerários.
O Pátio de Heb-Sed
É um pátio retangular de um conjunto de capelas falsas, são 27 capelas em total, 13 no lado oeste e 14 no lado leste (atualmente se pode ver 4 capelas no pátio). Originalmente as fachadas de 10 capelas do lado ocidental estavam decoradas de 3 colunas aderidas na parede, com um capitel em forma de 3 folhas pendentes. Ao contrário, as 3 capelas restantes no lado ocidental junto a todas as capelas do lado oriental carecem de decorações exceto de um marco decorativo conhecido como “torus moulding”. As capelas número 3e 4 no lado ocidental contêm na sua fachada um nicho grande para guardar uma estátua do rei, uma vez representado com a coroa branca como rei do Alto-Egito, e outra vez com a coroa vermelha como rei do Baixo Egito. Este nicho está acessível por uma escada de pedra.
Em frente das capelas número 2 e 3 há um estrado de pedras com duas escadas, uma no lado direito e outra no lado esquerdo. Aquela estrutura pequena estava dividida em dois compartimentos, e se acredita que uma tenda pequena era montada em cima deste palanque dividido em duas partes, os egiptólogos acham que sobre esse estrado o rei- durante os rituais das cerimónias do Heb-Sed- (o jubileu trinitário da coroação) o rei era coroado uma vez como monarca do Alto-Egito e outra vez como monarca do Baixo-Egito. No canto direito, no lado sudeste do pátio do Heb-Sed há três estátuas de pedra calcária, a primeira representa o deus Petah, o deus principal da capital Ménfis, a segunda representa o rei Zoser (Djser) em forma osírida (forma semelhante ao deus Osíris, senhor do mundo dos mortos), infelizmente a terceira é anónima porque é difícil identificá-la divido à deformação extrema dos rostos da estátua. Na parte final do Pátio, no canto do lado noroeste, há quatro pares de pés de pedra calcária, provavelmente eram quatro estátuas antigas que representam o rei, a sua esposa, e as suas duas filhas.